O que você pode aprender com um náufrago!
Quase certo que você tenha assistido O Náufrago, com Tom Hanks. É um filme icônico, muito bem feito. Assisti-o, portanto, várias vezes.
Particularmente uma cena sempre me inquietava.
(Atenção para Spoiler!).
Em determinada parte do filme há uma tomada de cena feita do alto, focalizando uma estrada rural, de chão batido, com o personagem principal chegando a uma propriedade para entregar um pacote. E, após a entrega, volta pelo mesmo caminho, chegando numa encruzilhada.
Demorei para descobrir o que me incomodava nesta cena da estrada. Percebi finalmente que era a DECISÃO (que eu esperava), ele deveria tomar. Àquela altura da trama, é impossível não torcer pela personagem. Após passar por muitas dificuldades como náufrago numa ilha, e mais os acontecimentos que vivenciou no seu regresso, colocara-se na posição de reiniciar sua história. À sua frente três caminhos (ou quatro?): conforme Betina (uma mulher que para na estrada e o orienta sobre os destinos possíveis) um dos caminhos era um “monte de nada” até o Canadá (ou seja, uma estrada sem sustos). A outra opção levaria à Califórnia, uma promessa de vida agitada, leia-se turbulência e diversão. Ou então, voltar por onde viera (não, não era uma opção).
Mas, uma alternativa nova se desenhou após a caminhonete de Betina se afastar. O caminho que ele seguiu? Jamais saberemos. O filme deixa para que cada um decida por si. E foi isto que me incomodou tanto: na verdade esperava que ele decidisse pelo caminho que EU faria! Quando o filme não mostra claramente isto, fiquei com a sensação de que faltara algo para concluir na história. Em nossas próprias encruzilhadas pode ser que não apareça uma Betina para predizer os destinos. E, aliás, pode ser que nem opção de estrada enxerguemos.
Decidir é escolher hoje onde estará amanhã
Se eventos passados podem compor um processo decisório, eles não determinam a estrada a seguir. A DECISÃO em si não pode ficar paralisada pelo que já aconteceu! Deve também considerar o que (de positivo) pode acontecer! Fatos passados aconteceram a partir de variáveis que podem não ter mais efeito nenhum sobre seu presente. Prender-se a eles é apostar num mundo estático e sem mudanças. E a vida real não opera assim.
Esta é uma armadilha quando se trata de situações que envolvem alguma emoção mais cara a cada um de nós. A tendência é seguir pelo caminho que evite a dor novamente:
–Não vou fazer isto, porque posso sofrer de novo.
A loucura desse comportamento fugitivo do passado é que, quase sempre, nem mesmo nos damos ao trabalho de revisitar os fatos para realmente analisar qual a cadeia de acontecimentos que levou ao desfecho, agradável ou não. E mesmo que tivéssemos feito isto, jamais teríamos todas as variáveis que ocorreram para aquele fim em particular. Ou seja, o futuro não repetirá o passado. Não sob os mesmos fatos. E isto é muito relevante na tomada de decisões.
Você não deve decidir baseando-se na possibilidade da repetição de eventos. Porquê para cada fato há uma sequência de acontecimentos e influências que simplesmente são quase impossíveis de se repetirem. Cada decisão será sempre única, influenciada pelo contexto do momento presente, simples assim!
Se isto é bom ou ruim? Entendo que é muito positivo. Mas dependerá de sua atitude e coragem! A grande lição é estar preparado(a), pois encruzilhadas aparecerão.
Então, esteja atento ao que realmente lhe importa quando elas aparecerem!
Qualquer que seja o desafio, uma coisa é certa: você pode refletir e aplicar técnicas e ferramentas para a melhor decisão possível para aquela situação em particular. Decidir não pode ser jogo de azar ou apenas uma decisão emocional, pois se trata de escolhas para sua vida.
O meio sorriso de Nolan (personagem de Tom Hanks) insinua que ele percebeu o que fazer.
À nós cabe a reflexão sobre as variáveis (gostemos delas ou não), e ter clareza suficiente e ferramentas adequadas para poder decidir com a confiança de quem se decidiu da melhor forma!
O que virá pela frente já é outra história.
Sua história!
